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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Dever de casa

A qualidade da educação nas salas de aula piorou no Brasil, na França (dá pra perceber que a charge é de lá, embora seja realidade daqui também) e em outros lugares do mundo. Mas os europeus tem muita lição pra dar aos braileiros no quesito (uma matéria em que os "blues" são especialistas, por exemplo, é em como nos vencer no futebol. Mestres como Platini, carrasco em 86, Zidane, carrasco em 98, e Henry, carrasco em 2006, são os melhores professores do mundo no assunto).
Na França, em 2007, Nicolas Sarkozy prometeu reformas para melhora dentro do ambiente da escola. Aqui, os os assuntos discutidos sobre o tema ainda são muito primários, fala-se ainda de acessibilidade por parte da população aos "recursos" que o ensino pode oferecer. "Mas é claro! Brasil é Brasil e França é França, né? Ali é primeiro mundo, cara!" Agora, me diga se o que o nosso país pôde aplicar em educação e o que aplicou de fato não são vergonhosos perto do que eles fizeram. Claro! E a gente não precisa nem de números pra saber disso!
E eu me pergunto: “Será que os chefes do Estado brasileiro não aplicam em educação os recursos necessários porque querem que o povo continue burro pra votar neles de novo?”
Essa pergunta não é ingênua. É debochada, mesmo. É claro que ela não tem nenhum fundo partidário ou ideológico. A educação no Brasil NUNCA teve o investimento necessário, independente da facção à qual pertencia o presidente brasileiro da época.
Sim, tivemos avanços. O Bolsa Família não é, no todo, só aperreio e desestímulo ao trabalho e à educação (obviamente, existem casos e casos, quando o assunto é o benefício “lulista”), afinal esse tipo de repasse, bem como o Bolsa Escola, botou muita criança pra estudar. E não podemos nos esquecer, é claro, do ProUni, programa do próprio governo federal que disponibiliza recursos para garantir vagas em instituições particulares no país inteiro. Além disso, agora são mais de 63% dos adolescentes com até 16 anos que têm o Ensino Fundamental completo (não pare de ler, isso não é propaganda para o PT).
Mas cá prá nós, o Brasil TINHA que melhorar! Nada de extraordinário foi feito por parte do governo federal na área de educação. Aliás, dizem estudiosos de IPEA**, PISA** e outros institutos que o dever de casa não foi cumprido pelo ex-presidente Lula (e nem pela seleção brasileira contra a França). As expectativas eram de muito mais melhoras. E não é pra menos. Em algum momento do governo passado a porcentagem do PIB injetada em educação era apenas de 1% (a mesma porcentagem de bons jogos do Robinho nos últimos três anos). E o segundo mandato teve tal percentual encerrado em apenas 4,7% (a mesma porcentagem de jogos entre Brasil e França, vencidos pelo Brasil*). Ainda é muito pouco.
Benzema é que nem a educação conterrânea: não é o melhor do mundo, mas sempre ganha do Brasil
Na França, por exemplo, o maior orçamento dentre os ministérios é exatamente o de educação. Você acha a comparação descabida? Tudo bem, a França é um país desenvolvido e o Brasil não, mas apenas essa afirmação não explica o atraso educacional no país canarinho (o Brasil é uma das maiores economias do mundo, meu Deus do céu). Países como a Argentina, Uruguai, Chile, México e até o Paraguai não chegam a taxas tão ruins em analfabetismo como as nossas. E o nosso país, evidentemente, tem muito mais potencial de investimento do que qualquer um desses. Aliás, por falar em investimento, muito se fala no crescimento econômico brasileiro nos últimos anos, mas como foi pouquíssima a importância que o último governo deu à área, já se pode perceber os efeitos de crescer sem “crescer” (efeito Neymar: melhora economicamente, mas não amadurece).
Neymar é sinônimo de Brasil. Fez uma falta pra seleção...! 

Em 2010, alguns aeroportos brasileiros, que tiveram seu funcionamento intensificado em função, inclusive, desse crescimento econômico, não conseguiram contratar gente adequada, qualificada para as vagas ampliadas. Fora que setores como de construção civil, automobilística, siderúrgica e metalúrgica importam mão-de-obra de Argentina, Venezuela e “otros hermanos” (e nós, brasileiros, nos achando os donos da América Latina). E esses são só dois casos. Com certeza, empresas estrangeiras e nacionais ainda terão a necessidade de expandir seus serviços e encontrarão dificuldades, dependendo das especialidades exigidas, para achar os funcionários certos. Tanta gente precisando de emprego e tanto emprego precisando de gente!
Mas sempre há uma luz no fim do túnel. Assim como Mano Menezes um dia vai perceber que seus atacantes são ruins, Dilma Roussef percebeu que a educação precisa ter mais espaço no orçamento brasileiro. A presidenta garantiu que irá aumentar para 7% a parte do PIB de investimentos na área. Bom, agora é esperar e fiscalizar (tanto a Dilma quanto o Mano).

* Claro que essa estatística é só uma brincadeira e não uma informação verdadeira!
** IPEA: Instituto de Pesquisa em Economia Aplicada; PISA: Programa Internacional de Avaliação de Alunos


Marvin Bessa

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