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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Alerta Vermelho - Concreto x Abstrato 2 - Heróis

 
Segundo Round para Concreto x Abstrato. 

Daqui, você não levará nada. Estou falando quando você morrer. Já é a nona vez que você ouve isso e a décima você vai ouvir (ler) e entender. Somos consumistas, capitalistas e blá blá blá, isso você já leu por aqui inúmeras vezes. Minha lavagem cerebral é de graça, mas a conversa por aqui nunca é completa.

No grupo do concreto, estão nossas casas, nosso carro, nossos mimos e acumulações.
No grupo do abstrato estão nossos ideais, planos, sentimentos e nossa história.

Com cada um em sua história, perspectiva e condição de vida, temos uma coisa em comum, não ficamos quietos e jamais ficaremos. Lutamos vários anos para conseguir sombra e água fresca e muitos ficam pelo caminho. Adoro frases clichês e conselhos antigos. Dentre eles está minha admiração por aqueles que enfrentam a vida como se cada dia fosse o último. A felicidade está no caminho e não no fim. Felizes daqueles que entendem isso.  

Respondendo a questão levantada na primeira parte deste post. O mundo neste momento, julho de 2011, precisa de heróis, e não é para salvar os EUA da crise ou para provar a morte de Osama. Heróis são as pessoas simples que dão sem querer nada em troca, que pensam nos outros e não no concreto.

Se a faculdade ou o emprego que você exerce vai colaborar para você plantar alguma coisa boa no mundo, você contribui, se você quer ganhar muito dinheiro e o que importa é somente isso, deseja profundamente comprar aquele sofá espetacular, você está realmente atrasado para sentar-se e curtir os espetáculos que já estão passando na televisão desde o início do pós-modernismo. Não me diga que você não acha massa aquele furacão passando pelo leste dos países. Você não me convence! Sua TV LED da última geração consegue definir todos os detalhes do terremoto e tsunami japonês? Que massa hem!! Que sofazão, que vida, que espetáculo, o mundo é dos espertos né? 

Meio ambiente pra quê? Temos é que trabalhar e levantar muitos prédios, soltar muita fumaça, pois a camada de ozônio já era mesmo! Entupir a cidade de carros e atropelar essa galera que anda promovendo o uso da bicicleta! Comer a carne lá do Mac que matou um boi que quando peida ou morre libera mais gases tóxicos que o carbono.  Temos que comprar revista erótica e ver como a “photoshopada” é melhor que a sua mulher! Temos que comprar pirata que é mais barato pô! Que se dane o cantor e toda essa joça chamada cultura. Temos que encher a cara até esquecer todos esses problemas inclusive os familiares, porque temos lábia para reclamar, pois resolver é coisa para patetas! Temos que pagar um Ipod que custa mais que um salário mínimo e enfiar no ouvido porque conversa é coisa de velho!!! Temos que trabalhar até de madrugada sem dar ouvidos para ninguém pois o que importa é dinheiro, dinheiro para comprar a melhor casa, melhor carro, melhor camisa, melhor perfume, porque isso nos traz... nos traz... nos traz... depois disso tudo o que se faz?

Pausa na ironia.

Entendeu agora a necessidade desses heróis? Herói não é aquele que abre mão de tudo isso, mas sabe de desprender das armas da propaganda, do capital, aquele que pensa a longo prazo, que pensa no próximoe não somente no seu umbigo.  Aqui entre nós, estamos longe de sermos heróis. Não vou pedir desculpa porque estou incluso.

Acomodados e hipnotizados, lá vamos nós, rumo ao sofá espetacular.

Kako Menezes



quinta-feira, 28 de julho de 2011

Filhos do Capital



Mas me diga o que é banal?
- O sistema nacional!

Somos todos da nação,
Isso não é ilusão!

O sistema se espalhou,
E o mundo ele tomou!

Futilidade é legal,
Pr’a quem faz um “bacanal”!

Essa nação me consumiu,
Essa “puta me pariu”!

Será que vou me sujeitar?
- O esquema vai rolar!

Mas me diga o que é banal?
- Filhos do capital!

Japa Ramos

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Segunda crônica de João



-      Pai, o que é sexo?
-        Ué, por que é que você quer saber isso?
-        É que lá no colégio o Pedro ficou falando que ele nasceu por causa de sexo e eu queria saber então como foi que eu nasci. Conta aí, pai.
-        Eeeh... Bom... Vou ser bem sincero, meu filho... Você também nasceu assim e...
-        Quer dizer que eu sou irmão do Pedro?!?!?!
-        Não! Claro que não, mas é que...
-        Mas o senhor acabou de dizer que...
-        Não, nada disso, filho. Sexo é o “jeitinho” que as mamães e os papais dão pros filhos nascer.
-        Aaah, entendi. Brigado pai, entendi tudo, agora vou lá brincar – Já na porta do quarto o filho vira-se e diz – Pai!
-        Que foi, filho?
-        Quem é o Dinheiro Público? Ele tá bem?
-        Por que você pergunta isso?
-        É que eu lembrei que eu vi ontem o senhor assistindo o jornal e a tia lá falou que uns políticos aí deram um “jeitinho” de sumir com o dinheiro público...

JB Cyrino

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Alerta Vermelho - Concreto x Abstrato




* Atenção! Este texto deve ser lido pelas mentes abertas pois aborda conteúdo realista.

O sistema é global. Ele controla todos os seres. Ele mecaniza o ser humano e automatiza os nossos dias.  É asqueroso e atualmente infalível, pois eu, você, nossos amigos e nossas famílias colaboram com a manutenção dele, ou por não compreendê-lo, ou por entendê-lo e assumir rendição da mesma forma. Isso porque a acomodação é a doença deste século, acompanhada de sua esposa “A Conformada”, seu filho mais velho “É assim mesmo” e sua filha “Aceitação”.  Essa família é movida pelo capital e adota o estilo de vida consumista, descartável, sedentário, competitivo e hedonista.

Coitado daquele que prega o contrário. Ele é ironizado. Ou você nunca deu gargalhada de um vegetariano? De um Hippie? Da ousadia de Che Guevara? Quem está certo e errado nessa história? Por quê?

Você já se perguntou por que tanto desinteresse sobre as teorias críticas, já tentou entendê-las? Já leu algo a mais sobre o capitalismo? Já se perguntou o porquê de tantas igrejas? Nossos ouvidos estão programados. Nossas mentes estão impregnadas. O sistema atingiu você de uma forma cruel, mas carinhosa. Ele te ofereceu um pão em troca de uma moeda.

O sistema começa na sua casa com a televisão persuadindo você e sua família. O filho preferido do sistema é a televisão, principalmente aquela fininha da imagem e som perfeitos que te deixa parado como um poste por horas, de prontidão para o tiroteio de informações que está por vir, muitas delas, inúteis e contagiosas. Depois ele mostra apresentadores que oferecem prêmios e fortuna em função da sorte das pessoas. Atrás destes, estão mais de vinte bailarinas lindas e maravilhosas dançando com pedaços de roupa no intuito de pelo menos prender alguns desinteressados por mais uns minutos de audiência. Elas mostram o “corpo ideal”, seduzem os masculinos por todo o país. Expõem-se. O apresentador volta a oferecer dinheiro, carros, casa, ego. Sem dúvidas, ele é famoso e possui milhares de fãs. Qual a razão disso?

- Liga a Tv aí João, não podemos perder as VÍDEO-CASSETADAS de hoje!

Somos sinistros, não? Chegamos ao ponto de só rir de desgraça. Nela vivemos. Ela somos.

O Sistema se espalha pela casa, entra na geladeira, no seu bucho, no seu armário. Você tem um pôster de um cara ou uma cara que não sabem nem que você existe? Você tem roupas com um jacaré ou crocodilo que valem uma semana de refeição? Você adora coisas fúteis? Desculpe-me: nós. Esqueço de que se trata de nós.

Mas o sistema vai muito além da sua casa.

Essa primeira parte é a menos perceptiva, porque todos estão hipnotizados. A família está contaminada pelo capitalismo. O diálogo ficou monótono. A comida entra numa velocidade que torna impossível de se lembrar o gosto dela segundos depois. As coisas vão perdendo o seu valor verdadeiro. Os quartos viram compartimentos ou pontos auto-sustentáveis. Casas viram hotéis. Cada um com seu computador e com sua televisão. No ar, respiramos profundamente o sinal do WI-FI. Vivemos para ganhar dinheiro para possuir coisas fúteis, para acumular, para ter o carro do ano. E os outros? A batalha do Concreto VS. Abstrato começa por aqui. É apenas um alerta vermelho. Se você acha que estou exagerando e ficando louco, não faço nem questão da sua leitura. Se você acha que eu tenho uma pontinha de razão, eu lhe imploro de joelhos que você continue lendo... Continua. Próxima sexta-feira: A batalha do Abstrato X Concreto 2.

 Kako Menezes