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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O que não enfeia, enfeita

"Valeu pelo celular, pai! Tem até câmera!"

Uma vez no supermercado ouvi uma criancinha se orgulhando pra mãe: “eu escovei os dentes ontem, sabia? Olha como eu sou limpinho!” Imediatamente me vieram vários insights sobre como muita gente se orgulha de miséria. “Ei, temos uma ponte para cidades do interior, sabia? Olha como somos felizardos de morar aqui!” Não tenho dúvidas de que administrar uma cidade ou um estado não são tarefas fáceis. E também não tenho dúvidas de que a ponte é ótima e utilíssima (quem pegava balsa dá joinha!). Mas tenho mais certeza ainda de que nossa cidade poderia ser muito mais presenteada por seus governantes (incluo o governador, claro), pelo simples motivo de que esses presentes não devem ter caráter de cortesia, brindes etc. Ao contrário, são direito da população e obrigação do Estado.

Meus mestres de Lei da Atração me ensinaram a apreender apenas as coisas positivas das circunstâncias, mas nesse caso observar quantas coisas não estão bem em nosso Município pode ser o caminho pra um futuro melhor. Pense comigo: o governo diz “por que você tem que olhar para as coisas ruins de Manaus, quando há tantos avanços?”, mas sabemos muito bem que se a administração foi boa não terá tanta coisa ruim para se observar.

Com certeza, eu sozinho com a perspectiva mais zen e maravilhosa do planeta Terra não conseguirei absolutamente nada. É fundamental que manauaras votem melhor se acreditam que as coisas não estão bem, ou que a cidade poderia estar melhor (desde que me entendo por gente, Manaus poderia estar muito melhor). Algumas coisas de fato avançaram, obviamente. Mas entenda: alguma coisa tinha que ter melhorado em Manaus! Não vamos agradecer miséria, pelo amor de Deus. Nos próximos posts, a especificidade virá à tona.

Que fique bem claro: não há aqui alusão à Ponte Rio Negro, apenas ao desvio de recursos públicos, inclusive por não citar governo e, sim, deputado. Por coincidência, a charge fala de uma ponte. Contudo, lembremos do (desnecessariamente) quilométrico orçamento da obra. Superfaturamento claríssimo...

Marvin Bessa

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Os conservadores estão morrendo (Parte 6)

Discriminação no mercado de trabalho



Depois de tudo o que já foi comentado neste blog e é falado constantemente em qualquer canto da mídia (porque dá ibope), chegamos à conclusão simples de que gays não devem ser discriminados pela sua orientação sexual. Certo, falar isso já é até repetitivo, né? Mas será que vemos isso na prática?

Pergunte-se você (hetero) se deixaria uma babá gay cuidar de seu filho ou irmãozinho mais novo. Não estou insinuando nada, antes que pense isso. Realmente acredito na possibilidade de você pensar “sem problemas, desde que a pessoa seja profissional”. Agora, imagine uma segunda situação: será que você (hetero) tenderia a escolher para babá do nenê da sua casa um aparentemente hetero a um declarado homossexual? Se sua resposta for “sim, eu tenho a tendência a preferir um heterossexual pra cuidar ou educar meu filho” eu confesso que entenderei perfeitamente. Mas aí que tá: isso não é discriminação? Pois é...

Tocamos num ponto interessantíssimo agora há pouco: e a educação da sua criança? E se você descobre que o professor do seu filho de boiologi... digo, biologia é gay, por exemplo? Há algum problema nisso? Não, né? Problema nenhum. Mas e se o professor começa a transparecer sua sexualidade ou até mesmo faz apologia à tal. Aí, a coisa ganha outra dimensão. Ou como diz um amigo meu: aí a *orra ficou séria! 

Projetamos, sob essas circunstâncias, a razoabilidade dos direitos: seja qual for a sexualidade do indivíduo, ele é igual a qualquer um e não deve ser discriminado por isso. Mas usar isso como argumento para soltar a franga sem respeito ao protocolo do ambiente, isso não pode. 

O que quero dizer é que o fator sexualidade não pode ser determinante profissionalmente SE o trabalhador em questão não "exalar" sua opção nesse sentido no trabalho. Isso pelo simples motivo de trejeitos serem imediatamente associáveis "ao lado para o qual a faca parte".

Pânico: Homem-Aranha gay
Marvin Bessa

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Dois coelhos com uma cajadada só

As autoridades mundiais estão sob protestos de todos os lados


Claro que você constantemente passa por dilemas na sua vida, não tenho dúvida. Muitas vezes, temos que fazer uma escolha em detrimento de algo importante pra nós. Isso é normal. Agora, imagine quando um presidente, primeiro-ministro ou qualquer que seja seu tipo de cargo de chefe do governo precisa tomar decisões fundamentais em direções aparentemente opostas. Insisto: “aparentemente opostas”.

Me mostro um campeão em dizer o óbvio, ao lembrar a você de que o mundo está em crise econômica. “Ah, então vamos juntar todas as nossas forças para resolver os problemas dos empregos e dos salários, dos ajustes monetários e investimentos sem dar margens a inflações, e dos ajustes fiscais (difíceis, pelas constantes ‘necessidades’ de utilização da máquina do Estado em função de eleições, como nos EUA  e na França)!”

OK, essa “união” mundial é muito bonitinha e tal, mas... e o aquecimento global, hein? Entenda a questão, se você não enxerga ligação entre as duas preocupações, com as seguintes informações: o Conselho da União Européia decidiu na sua última reunião, há um mês, participar do Protocolo de Kyoto apenas até 2020, já que os Estados Unidos não são signatários do acordo; além disso, chineses só fecham acordos ambientais caso os americanos assim o fizerem. Tudo isso por razões evidentes.

Ou seja, estamos à mercê “deles”. E como bem sabemos, meus amigos, Obama e seu país estão numa situação dificílima de recuperação e máxima atenção... na economia. Não é interessante para o seu projeto de reeleição dar as costas sequer um momento para os bolsos dos americanos. Quer dizer, se tem um país de quem a saúde ambiental do planeta não poderia depender, certamente são os Uniteds.

Nós também sabemos que o melhor caminho é a sustentabilidade, mas qualquer que seja o investimento nesse sentido, em nível nacional, deve sair muito caro e as autoridades mundiais de que tanto falamos não se mostram capazes de conciliar soluções para os dois problemas (viva o populismo!). Na minha humilde função socrática, pergunto: como matar dois coelhos com uma cajadada só?

Comédia MTV: Carnaneve


Sugestão sustentável do dia: é impressionante como uma ideia que escutamos desde o maternal as vezes não entra na cabeça. VAMO ECONOMIZAR ÁGUA E ENERGIA, MEU POVO! Deixa de ser trouxa, que você só perde com isso: paga mais agora e alguém paga o pato no futuro!

Marvin Bessa

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Nacionalistas x Cosmopolitas


Instigado por uma conversa informal com meu amigo Haitiano, percebi algumas coisas com uma sensibilidade não usual. Passei a pensar mais sobre o ser humano e menos as coisas abstratas que valorizamos ou que na verdade, fomos programados a valorizar.

Tenho que confessar que depois que estudei um pouco sobre o cosmopolitismo e outros temas que abordam sobre relações de poder, transformei meu modelo mental em uma guerra ideológica. Não sou retardado, doido e tento ser o mínimo nerd possível, mas estudar o que a gente não aprendeu em uma cacetada de anos na escola pode ser óbvio para alguns metidos a entendidos e chocantes para os desprovidos de informações, lunáticos ou alienados.

Um dia desses estava eu cantando o hino nacional brasileiro no meio de uma multidão de alunos. Resolvi olhar para as pessoas que se prostravam diante de um pau de madeira com um pano colorido engatado, com todo o respeito: nossa bandeira brasileira.

Nossa!! - pensou você
Que idiota! - falou você
… ou deu uma risadinha de desentendido.

Não quero gerar polêmica, é apenas uma reflexão de valores. Por que e por quem você canta o hino? Você sabe o que significa aquela música? Sabe o que significa as margens plácidas?

Eu acho até um pouco perigoso questionar uma coisa como essa pois é um tiro certeiro no nacionalismo, contudo, é algo a se refletir. Por isso, saliento que não interpretem isso como uma agressão à nossa pátria, que mesmo hipnotizado por novas ideias, continuo firme no pacto do amor a pátria que nos pariu. Inclusive se acontecer uma guerra por aqui, eu... nada, esquece!



A maior razão por estar apresentando tais argumentos é o fato de o nacionalismo ir contra as idéias de um novo entender social: o cosmopolitismo. Por que nós que nascemos no mesmo mundo, não podemos desfrutar da liberdade territorial sem precisar de permissões e carimbos? Por que somos sempre vigiados, catalogados, separados?

“ Um cosmopolita ou cidadão do mundo (do grego κοσμοπολίτης, e este de κόσμος, "mundo", "criação", e πόλις, "cidade") é uma pessoa que deseja transcender a divisão geopolítica que é inerente as cidadanias nacionais dos diferentes Estados e países soberanos. Ao negar-se a aceitar a identidade patriótica ditada pelos governos nacionais e afirmar-se cada cidadão como representante de si mesmo, os cidadãos do mundo afirmam sua independência como cidadãos da Terra, do mundo, ou do cosmo." (Wikipedia)

A idéia é algo sensacional de se pensar diante dos problemas enfrentados no mundo atualmente, principalmente a pobreza e outros tipos de desigualdade social.

Bruno Traven comenta em O Barco da Morte:

Por que usar passaportes? Para que são as restrições migratorias? Por que não deixar que os humanos vão aonde queiram, ao Polo Norte ou ao Polo Sul; a Rússia, a Turquía, aos Estados Unidos ou a Bolivia? Os humanos devem estar controlados. Não podem voar como insetos pelo mundo a que foram lançados sem seu consentimento. Deve controla-los por meio de passaportes, impressões digitais e restrições. Por que razão ? Só para mostrar a onipotência do Estado e dos grandes sagrados servos do Estado, os burocratas.

Agora, para des-impactar o meu suposto antinacionalismo impregnado neste texto, faço questão de mostrar também os contras dessa alternativa. Hoje em dia, é impensável ainda que a globalização junto com a Tim estejam destrinchando as fronteiras e a tecnologia esteja nos aproximando, o fator cultura quebra a balança. Em um mundo tão diversificado em termos de cultura, política e costumes, hoje em dia o cosmopolitismo é algo a ser implantado apenas politicamente, via ONU, com ação coletiva pensada para romper não barreiras, mas sim, miséria, fome e violência.


É um paradoxo interessante. Seria a diversidade de todos os fatores que nos separa mas ao mesmo tempo, dá o brilho misterioso ao ser humano explorador de terras? Ou as questões geográficas e culturais realmente nos afasta e consequentemente também da questão humanitária? Devemos pensar mais nos humanos e menos nos rituais? Mais no concreto e menos no abstrato?


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Seja você um nacionalista ou um cidadão do mundo (cosmopolita), trago essa leitura para observação e reflexão, visto que certas informações não são apresentadas a nós no período da educação fundamental, média e às vezes superior. Dessa maneira, minhas conclusões estão mais próximas de um leigo detector de fragmentações do que uma análise de especialista, portanto, para os curiosos de plantão, seguem links para saber mais sobre Cosmopolitismo que vai muito além do que foi citado aqui.

Kako Menezes

Burrice a la Er de Panfília

 Ignorância ou autenticidade?

As coisas não são necessariamente como as pessoas dizem que são. Primeiro por que nem sempre as pessoas dizem que as coisas são como elas acham que as coisas são e, segundo, porque na maioria das vezes as coisas não são como elas acham que são. Bom, isso é provável. Meu achismo pode estar errado, já que sou uma pessoa qualquer que acha que as coisas são como acho que são, o que não significa que elas sejam como acho que são.

Claro que só acreditamos no que acreditamos porque temos motivos racionais pra isso, certo? Errado!  Nem sempre acreditamos no que de fato acreditamos, mas dizemos que acreditamos ou porque queremos acreditar ou porque não temos a capacidade de saber em que exatamente acreditamos. Quem disse que sabemos no que acreditamos?

Devemos estar sempre ligados pra não cair na ignorância, porque ela pode nos atacar em qualquer momento da vida. Às vezes podemos estar sendo feitos de bobos sem saber. Burrice está mais relacionada com aceitação de tudo o que todos preferem do que com autenticidade que, muitas vezes, é entendida como sinônimo de “leseira”, embora existam autênticos tolos, claro. Mas quem disse que as coisas são como as pessoas acham que as coisas são?

 Pânico: Inri Cristo no parque aquático

Marvin Bessa

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Os conservadores estão morrendo (Parte 5)

Educação gay

Sabemos que as primeiras coisas que aprendemos foram nossos pais ou quem quer que tenha nos criado que nos ensinaram. Essa base da formação de qualquer ser humano determina sua personalidade e seus hábitos, embora tudo isso possa ser alterado, dependendo do grau de influência que os pais mantenham ao longo da vida.

A normalidade, de que já tratamos bastante, é definida a partir da criação dos pequeninos. Eles crescem com um conjunto de costumes e pressupostos e só passam a ficar mais flexíveis quando descobrem que têm a mesma capacidade de adquirir conhecimento que seus genitores, antes numa posição superior em função do maior poder de assimilação, que simbolizava a vulga sabedoria.

Agora, imagine a situação de uma criança criada por pais gays. Ela está acostumada com a ideia de que pessoas do mesmo sexo existem para ser parceiras quando adultas. Depois, ao se confrontar com crianças na escola e na rua que têm em casa pais de sexos diferentes, a tese evolui para a da possibilidade: as pessoas podem formar suas famílias sendo hetero ou homoafetivas. Com um pouco mais de tempo, a criança percebe que sua família é, na verdade, peculiar e não o “normal”. E, finalmente, mais tarde, ao descobrir a sexualidade, o filho entende o porquê de não estar num lar convencional: fisiologicamente o homem existe para fazer sexo com a mulher. Lembro que não levo em consideração um possível acesso da criança à moral religiosa, porque, sendo assim, ele recebe as informações heterossexuais muito mais cedo.

O que seria, então, melhor para o filho, socialmente falando? Será que a adoção gay ajuda o mundo a perpetuar a negação ao preconceito? Ou será que faz mal à criança pelo ainda predominante estranhamento à tal orientação sexual ou à simples afeminação ou masculinização (afinal, não podemos dizer que uma criança é gay)?

Exatamente por terem como regra o heterossexualismo, intelectuais e moralistas (que, muitas vezes, não são necessariamente os mesmos) apontam a constituição da família gay como um desvio da socialização primária do adotado. E agora, José? O que é normal?

Fantástico: "Eles não são uma família" diz juíz de Goiás

Marvin Bessa

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Pimpolho Piquituxo sobre a crise do emprego



Tarra assistino TV até que Zé Pió apariceu na janela, perguntano ‘ô, sôr, por aí tudo firme?’ Inté agora num intindi pur quê ele riu quando respondi ‘nada, Zé, só jornar e futebor’. ‘Falano sério, agora, cumpadi, pur quê que tu tá aí nessa cadêra de imbalo, rapais? Vamo trabaiá!’ ele falô. Mas aí fiquei brabo e disse ‘vixe! Dexa de ser avexado, menino! Entra logo aí e te senta que vai cumeçá o discusso do ministo do trabáio!’

Bom, deu certo, né? O Zé calô a boca e escutamo o sinhô Carlos Lupi falano que mais de dois milhão de emprego vai tê sido criado inté o finzim do ano no Brasir. Mas dexa eu vê si intindi direitim, purquê inté onde eu sei, o disimprego é um pobrema no mundo intêro. Tem um monte de gente disimpregada nos Estados Unido e na Uropa. Os pessoar de classi média americano tão reclamano que o guverno deu pioridade pus banco, mesm que os Republicano no Congress é que acabaro cum o projeto de valorização dos funcionário público, e a Organização Mundiar do Trabáio já falô que os jovem vai ter salários reduzido num futuro não muinto distanti, pur causa da crise. Tudu pur causa da bindita crise.

Qué sabê? Aqui na Casa do Cacete num tem crise niuma. Eu mesmo só vô trabaiá quando quero e num acuntece nada cum eu. E tudo farta, purquê num farta nada, intendeu?

Oiaí, da próxima veis que ti mandarem pra Casa do Cacete, intenda como uma baita duma sugestão, sôr!

Assinado: Pimpolho Piquituxo"


Marvin Bessa

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Os conservadores estão morrendo (Parte 4)

Casamento e família gay


Ainda sobre o aspecto moral dos gays, vem à tona um debate indispensável na abordagem desse assunto tão complexo: o casamento.

É evidente que partiremos das premissas já citadas em Os Conservadores Estão Morrendo (Parte 3). São elas: (1) um cristão pode até não ver imoralidade no homossexualismo, mas o cristianismo vê; (2) um gay pode até se dizer religioso, mas se quiser seguir a doutrina à risca, terá que tomar o rumo da santidade; (3) o combate cristão não é contra os gays, mas contra sua prática (pelo menos na teoria).

Dá ou não dá pra compreender as duas posições? Claro que dá! Basta levar em consideração o que cada um dos lados acredita como verdade. Aí é com você. Mas de que lado você está? Você acha que o casamento gay é uma afronta ao instituto da família, por violar a “sexualidade natural” e perpetuar a quebra de valores básicos da moral religiosa? Ou acha que não há nada mais justo com pessoas que têm os direitos fundamentais da igualdade e da liberdade? Dê sua opinião na enquete ao lado.

Bom, de qualquer forma, aqui chegamos ao clímax da discussão, porque já falamos sobre a legitimação social do que é normal. E o que é, ao mesmo tempo, fonte e produto de legitimação social? Exatamente! A lei! Pela Constituição Federal, no seu artigo 226, parágrafo 3º, é reconhecida como família a união estável entre homem e mulher. Porém, o que está em vigência, não esqueça, é a decisão do STF de maio desse ano, pela qual casais do mesmo sexo são reconhecidos como instituição familiar, independentemente do casamento, forma pela qual os homossexuais conseguiram mais de cem novos direitos. E agora, José? O que é normal?

Juridicamente, a questão da família foi quase resolvida. Mas e a educação de filhos adotados por gays? Esse será o assunto da quinta-feira. Até lá!

CQC: Os dois lados da moeda

Marvin Bessa