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segunda-feira, 7 de março de 2011

O discurso do gago

O Discurso do Rei, A Rede Social, 127 Horas, Cisne Negro, O Vencedor, A Origem, Minhas Mães e Meu Pai, Bravura Indômita, O Inverno da Alma e Toy Story 3. Esses foram os 10 indicados ao Oscar de melhor filme, mas – obviamente - só um levou a estatueta. O felizardo de 2011 foi o filme O Discurso do Rei.


Nada mais justo que o grande vencedor ser o assunto do post de hoje, não? Primeiramente, eis aqui o trailer: 

A grandeza do filme está em dois simples, mas importantíssimos, pontos: o filme é baseado em uma história real e é um filme de grande superação. Outros dois filmes nomeados ao Oscar também se encaixam nessa descrição: 127 Horas e O Vencedor. Convenhamos, o que é mais difícil: 1) amputar parte do braço porque este foi preso e esmagado por uma rocha; 2) ser constantemente ofuscado pela ex-estrela que é o seu irmão também lutador e, literalmente, lutar pra ascender; 3) ser o rei da Inglaterra quando o país está caminhando para a Segunda Guerra Mundial, mas ser incapaz de dar discursos sem gaguejar.

Confesso que, inicialmente, achei a história um tanto boba, mas o meu tempo é outro e muito diferente do tempo de Rei George VI. No meu tempo, o Brasil teve um representante por 8 anos que falava errado constantemente e todo mundo achava engraçado e fazia piadinha. Quase ninguém via ou tinha problemas com isso, afinal, ele era um representante do povo! Bem, isso não vem ao caso.


Uma sinopse breve e precisa sobre o filme:

Desde os 4 anos, George (Colin Firth) é gago. Este é um sério problema para um integrante da realiza britânica, que frequentemente precisa fazer discursos. George procurou diversos médicos, mas nenhum deles trouxe resultados eficazes. Quando sua esposa, Elizabeth (Helena Bonham Carter), o leva até Lionel Logue (Geoffrey Rush), um terapeuta de fala de método pouco convencional, George está desesperançoso. Lionel se coloca de igual para igual com George e atua também como seu psicólogo, de forma a tornar-se seu amigo. Seus exercícios e métodos fazem com que George adquira autoconfiança para cumprir o maior de seus desafios: assumir a coroa, após a abdicação de seu irmão David (Guy Pearce).

Além do problema evidente, o filme procura mostrar problemas familiares que parecem fazer com que sua gagueira piore. A gagueira de Albert (George VI) piora quando fala com seu irmão mais velho, por exemplo. Mostra, também, dificuldades que podem parecer menores para nós, mas que deviam ser um tormento para George VI. Ler histórias para suas filhas, por exemplo. Além dos obstáculos a serem superados, o filme também mostra uma história de amizade entre Albert e seu terapeuta, Lionel, e de companheirismo entre ele e sua mulher, mas eu não quero me focar nessa parte.

Vale à pena lembrar que a Inglaterra é parlamentarista, ou seja, a figura do rei é meramente representativa e diplomática, sendo o primeiro-ministro o grande responsável pelo poder executivo. Sendo assim, imaginem o seguinte cenário: a Inglaterra botando o pé na Segunda Guerra Mundial lutando contra a enorme força dos nazistas. Nas horas difíceis, o que mais nos acalma não é alguém de maior experiência falando que as coisas vão se encaminhar e que, no fim, tudo dará certo? Imaginem ouvir isso de um gago que fala com pouca convicção. Reconfortante? Acolhedor? Nem um pouco.


O filme gira em torno da busca de Albert pela sua voz, basicamente. Não somente sua, como do povo. E, em se tratando de um filme de superação de obstáculos, dá pra ter ideia de como é seu desfecho. Previsível ou não, é um filme que vale a ida ao cinema. "Valer a ida ao cinema" é equivalente a "merecer o Oscar"? Não, mas essa é só a minha opinião. 

Como eu disse lá no início, "superação" é uma das palavras que definem o filme e filmes de superação são, quase sempre, muito bons. Principalmente aqueles que servem como um tapa na cara da sociedade que só se preocupa em reclamar - na maior parte do tempo. Não estou dizendo que devemos estacionar na vaga do conformismo para o resto da vida. De forma alguma! Mas é bom sermos lembrados, às vezes, que existiram e existem pessoas em situações piores que as nossas. De vez em quando, não custa ser um pouco agradecido com as coisas e a vida que temos. Poderia ser muito, muito pior.

Curiosidade: Um dos mais importantes discursos do próprio Rei George está disponível na internet. Quem souber inglês e estiver curioso pra ouvir, basta clicar aqui.

Jess Freitas

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