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quinta-feira, 31 de março de 2011

Bullying: A arte de humilhar e a plateia maléfica


Desculpem o excesso de justificativa de minha parte. Peço permissão para interromper a jornada através da problemologia manauara para me empolgar um pouco com um tema. Aliás, as coisas são assim já percebeu? O planejado sempre tem um improviso e a organização é falível diante dos fenômenos naturais. Deixando a dramaturgia de lado, pego carona da formadora de pensamentos e opiniões, a Rede Globo, para também falar do Bullying. Conhece a história do Pedrinho?

Pedrinho era um garoto de regras, disciplinado, praticante da lei do “esse menino vai dar certo”, entretanto, possuía obstáculos na sua vida: pessoas. Na verdade, suas atitudes, pois ao falar de pessoas, prefiro pensar que estas são mutáveis, até as mais más. Então, Pedrinho tinha amigos, usava óculos, era magro, ao mesmo tempo era gordo, tinha o cabelo crespo, era muito branco, era negro, era homossexual, tinha o nariz torto, andava estranho, não atraia meninas, era bonitão, mas não dava mole para as meninas, gostava muito de estudar, andava com amigos tímidos, era nerd. E agora conhece algum “Pedrinho”? É assim que funciona, lhe entrego hoje um manual resumido para bullynizar alguém. 

Há pessoas que buscam um aspecto, físico ou comportamental para denegrir a imagem do outro. É um exercício viciante de indivíduos que se esforçam em “ter graça” em detrimento do estado psicológico do outro. Preste bem atenção quando eu falei em graça, pois é basicamente isso que alimenta a prática do bullying, e o maior culpado de toda essa escravidão agressora de mentes não é sempre o “palhaço”, mas sim, a “platéia”. Você acha que um palhaço iria trabalhar para uma platéia vazia. Entendeu? Existe uma platéia que alimenta essa “graça”, a platéia humilha, ri desesperadamente, estimula. Essas pessoas humilham ainda mais, pois parecem se divertir com o que está acontecendo. Aplaudem o caso. Simplesmente maléfico.



O cyberbullying é pior ainda, pois existe uma platéia cheia de mascarados virtuais, um terrorista sentado em sua casa,escoltado covardemente por quatro paredes, criando blogs e casos, blogs e traumas. Tem em mãos uma arma perigosa de divulgação da ridicularização.

Bem, ainda bem que isso só acontece nas escolas, certo? Longe disso! As platéias são diversas: locais de trabalho, vizinhança, política, o que descarta a possibilidade de ser uma prática associada aos jovens. Há adultos tão patéticos quanto adolescentes bullies. A falta de sensibilidade e de respeito causa traumas impressionantes, às vezes irreversíveis. Há pessoas que amadurecem com experiências como essas. Há aquelas que nunca esquecem. Pois quem bate esquece, mas quem apanha, não.

Quem sou eu para falar sobre isso?

Não sou mestre, tampouco doutor em psicologia, porém, a experiência muitas vezes supera a teoria. Sofri e de certa forma pratiquei bullying. O essencial não é entender conceitos e sim os comportamentos para depois tentar extinguir essa prática. E se der, sem violência, senão, não precisa ser hipócrita e condenar o garoto Casey, afinal, quem nunca sentiu vontade de fazer aquilo, hein?





Kako Menezes

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