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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Bolha moral na supremacia Dólar


“Pai nosso que estás nos céus, (...) perdoa-nos as nossas dívidas, assim como perdoamos os nossos devedores (...)”. (Jesus, segundo o Evangelho de Mateus, 6:12)

O que você vai fazer amanhã, quarta-feira? Durante o dia você vai ou trabalhar, ou estudar... Se ainda estiver de férias, vai pegar um sol, fazer uma farra, assistir ao jogo da seleção à tarde. Enfim, seja lá o que for fazer, estará consumindo. Ou, como nos dois primeiros casos, estará investindo seu tempo para que um dia possa consumir mais, seja no final de semana, no final do mês ou no fim do ano. Essa é a normalidade. Ninguém questiona. E naturalmente nem tem por quê. A gente cresce sendo educado para entender que isso é vida. Tudo bem. Sem problemas. Pra você, sem problemas. Você compra, vende, lucra, trabalha, ganha seu salário, paga suas contas, consome.

Pois então, sabe de onde veio esse estilo de vida? Claro que sabe. Boa parte, da América do Norte, outra parte, da Europa. É tudo uma questão cultural, evidentemente. Desde bem antes de eu e você, leitor, nos entendermos por gente, os Estados Unidos, mais especificamente, têm influência cultural em todo mundo ocidental e em parte do Oriente (que o digam nossos amigos japoneses). O estilo de vida consumista, o famoso “american way of life”, direciona os hábitos de (chutando) pelo menos uns 60% dos habitantes do planeta. Aliás, a imposição ideológica de que tratamos transcende o âmbito econômico-político. Aborda também o científico, o artístico, o religioso.

E falando em religioso, por que não lembrar os pecados da principal sociedade de consumo do planeta (pelo menos até este século)?

Estamos acompanhando um advento histórico. Os americanos não têm mais o poder aquisitivo de antes. E o dólar não tem mais a mesma força. John Oliver, jornalista inglês, bem zoou com os Estados Unidos após a Copa do Mundo ano passado: “Vocês viraram terceiro mundo. Têm desemprego, a moeda não vale nada, não ganham guerra e vencem no futebol.”

A sociedade americana caiu na própria moral. Assim começou a crise de 2008, com a bolha imobiliária. Os costumes continuam. Comprar, adquirir, consumir, comprar, adquirir, consumir, comprar, adquirir, consumir... Ainda que o dinheiro para tal não esteja lá! Acontece que há dois anos, preços e impostos aumentaram. A taxa de desemprego, nem se fala. Não existem mais as mesmas condições de antes. Mas tentar colocar isso na cabeça de um americano é como exigir de um novo aposentado que diminua seu ritmo de gastos em função do teto de aposentadoria. Não é fácil, com certeza.

Os Estados Unidos são certamente um país encantador pra muitos. Pelo jazz, pelo futebol americano, pelo clima, pelas cidades, enfim. Abrange uma cultura consideravelmente cativante, claro. É um dos países que mais recebem imigrantes, por motivos óbvios. Opa! Óbvios? Essa terra não é mais a das oportunidades.



É claro que isenção de culpa por dívida não supriria os problemas existentes. A necessidade econômica mundial é de honra com os compromissos. O governo americano está adiando o máximo que pode o prazo pra pagamento de dívida (que na prática pode até não acontecer). Nessas horas os títulos de dívida são salvadores da pátria... a médio prazo. Mas à medida que mais empregos forem chegando ao mercado e servidores públicos voltem aos status de poucos anos atrás, a economia americana deve voltar a crescer lentamente. São vários os fatores que podem ajudar os Estados Unidos a ascenderem, mas não como antes. A sociedade do consumo já caiu. Pra voltar a se levantar vai precisar da ajuda divina.

Jesus ensinou ao povo no Monte das Oliveiras como pedir perdão pelas dívidas, bem como ensinou aos seus discípulos em Cafarnaum a perdoar dívidas. Os mais de 245 milhões de cristãos americanos levando mais a sério do que nunca os ditames de seu mestre mostram que a economia de seu país  está no pior momento da história da supremacia Dólar. Não tem que pedir perdão, tem que pagar, oras. 

Somos nós espectadores do fim do império norte-americano?

Marvin Bessa

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