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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Eu, meu amigo haitiano e o cosmopolitismo (Parte 1)


Oito horas da manhã e eu chego pelas redondezas do Amazonas Shopping. Desinformado, descubro que o centro comercial só inicia suas atividades às dez horas da manhã.  O sol castiga minha perna esquerda e o velho banco castiga minha coluna. Sozinho, com uma apostila de concursos na mão, dou pinta de nerd e, para os cultos, intelectual.

Com o passar do tempo, as pessoas vão chegando e se aproximando da entrada, observo se há velhinhas ou grávidas para “cavalheirar”, mas desisto imediatamente ao pensar que ficaria duas horas como um poste derretendo.

Percebo que alguns rapazes exploram no nível de decibéis ao conversar e logo me incomodo. Tento ler a página, mas a desconcentração me consome, fazendo-me ler o mesmo parágrafo dez vezes para entender o que está escrito. Fecho a apostila. Vejo que ela estava sendo discretamente espionada pelo rapaz que sentara ao meu lado, que me cumprimenta cordialmente: Bom dia! Com licença! - No meu balançar craniano lento dando sinal de positivo, revelo o cansaço crônico de ser um amazonense. Logo vejo ao meu lado uma das polêmicas discussões atuais, de barzinhos a universidades: um Haitiano em Manaus.

Embasado no meu modelo mental construído como uma coletânea dividida por diversas opiniões ultranacionalistas, hipócritas e raramente cosmopolitas, fizera eu uma pergunta "tolerância zero": Você é Haitiano?

Continua...
Kako Menezes

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* Parabéns Equipe IPA, parabéns leitor! Este é o nosso post número 80.

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